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sábado, 15 de dezembro de 2007

O REENCONTRO DE MEUS FILHOS - Barão Ninguém

"Ouro, cafezais, respeito, conquistas, nobreza... Imaginava eu que tudo isso e mais algumas outras coisas meramente materiais pudessem me trazer glória e felicidade.

Nasci e fui criado em uma família humilde e, quando me tornei homem feito, resolver o que fazer para uma pessoa ambiciosa como eu era difícil; então decidi ser mercador de escravos, negócio rentável na época. O lucro era certo. Apesar de minha família ter me ensinado religião e viver durante toda a vida como católico, não praticava na época os ensinamentos de Jesus. Aliás, poucos eram os brancos que levavam ao pé da letra o Evangelho. O comércio escravagista era visto como uma coisa natural. Ninguém se espantava com a compra e venda de seres humanos. Portanto, eu exercia uma atividade legal.

Constitui família com uma mulher de origem simples também. Mas a ambição corria em nosso sangue. Economizávamos até em coisas absurdas, até comprar meu primeiro alqueire de terra. Era só disso que eu precisava para ser feliz, porém, quando conquistei, vi que precisava de mais e assim foi indo.

Quanto mais eu tinha de mais eu precisava.

Em mais ou menos vinte anos eu possuía fazendas, cafezais, casas na Corte. Deixei de comercializar para me apropriar dos escravos, mas o que mais eu e minha senhora desejávamos não tínhamos : nosso filho. À ela eu enfeitava com as melhores sedas e jóias finíssimas. Mas o vazio da falta de um filho existia.

Foi quando comprei meu título de Barão que a melhor notícia chegou, esta estava grávida. Com o passar dos meses a alegria dobrou ao termos a confirmação de que eram gêmeos.

Logo após o nascimento notamos que um sofria de idiotia. Isso foi um transtorno muito grande. Ficávamos a julgar calados de quem era a culpa. E com o passar do tempo não podíamos deixar de notar a presença da revolta e do menosprezo que meu filho saudável, hoje já reencarnado, sentia pelo pobrezinho sofredor, que com o tempo deixamos erroneamente trancado, isolado em um quarto, sendo cuidado por uma escrava.

Foi quando eles entraram na juventude que o desastre aconteceu. A escrava tirou o pobre para tomar sol, sem ordem, e meu outro filho, invadido pela raiva o jogou escada abaixo.

Quando eles nasceram cheguei a pensar que o problema de saúde de um se devia a mim. Eu me martirizava, achando que era castigo pelos tempos em que tratava homens como bichos.

Depois que um irmão matou outro dentro de casa, achei novamente que o culpado era eu, que não devia ter isolado aquela pobre criatura. De quê me adiabntava todo ouro do mundo se não tinha paz!?

Encobrimos a morte dizendo que foi uma grave enfermidade. Tentávamos seguir a vida, mas era insuportável. Minha esposa foi definhando aos poucos. Eu, no desespero de tê-la perdido, me matei e minha tortura durou muitos anos. Meu filho, o que provocou o acidente, reencarnou em família humilde, e tem a necessidade de aprender a ser mais generoso e controlar sua irritabilidade. E, estando presente nesta casa há alguns dias, teve a oportunidade de se redimir trazendo seu irmãozinho, aquele que o perseguiu, apesar da deficiência por muitos anos.

Hoje meus dois filhos estão sendo socorridos : um reencarnou buscando acertar e evoluir e o outro sendo ajudado, se libertando da cólera que contraiu contra todos nós mesmo sendo doente e deficiente.

Conto minha história para vos alertar que todos nossos atos são avaliados e contam muitos passos no caminho do bem. E também para agradecer a ajuda ofertada a meus filhos. Obrigado . Fiquem com Deus.”

Assinado : Barão Ninguém
Data : Dezembro de 2007.
Local : Sorocaba ( SP )

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