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sexta-feira, 28 de novembro de 2008

A NOVA ERA DO ESPIRITISMO

Novas influências estão reinventando a doutrina no Brasil. Mas será que o fruto dessa mistura pode carregar o nome da corrente criada por Allan Kardec há 150 anos?
Pablo Nogueira

O espiritismo voltou às manchetes com força em 2008, graças ao sucesso do filme "Bezerra de Menezes - Diário de um Espírito". Por meio dele, quase 500 mil brasileiros relembraram (ou conheceram) a história do chamado "Kardec brasileiro", médium e maior nome da doutrina no País no final do século 19. Esse instantâneo histórico, que narra a consolidação dos fundamentos do espiritismo por aqui, serve de contraponto para uma tendência que gera polêmica: a mistura do espiritismo com outras correntes filosóficas e a medicina holística, que trabalha corpo e mente simultaneamente. Enquanto, segundo o IBGE, 2,4 milhões de brasileiros declaram-se espíritas, outros cerca de 30 milhões - de acordo com estimativas da Federação Espírita Brasileira - simpatizam com as idéias da doutrina. E os últimos, cada vez mais, estão misturando correntes de pensamento orientais (como hinduísmo, ioga e tai-chi-chuan), terapias energéticas ou a força do pensamento positivo em seus rituais e práticas. A questão que fica é: o espiritismo irá incorporar essas influências ou os tradicionalistas acabarão mantendo as coisas separadas?

Criada há 150 anos pelo professor francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, ou Allan Kardec (1804-1869), a doutrina espírita surgiu graças à curiosidade e ao fascínio pela possibilidade de comunicação com os mortos. Quando chegou ao Brasil, anos depois, o espiritismo encontrou terreno fértil. O sincretismo da mistura entre europeus e africanos acabou impulsionando o movimento. Quem já havia visto um pai-de-santo incorporado em um terreiro não tinha muita dificuldade para crer no depoimento de um médium.

Hoje, quem entra em um centro espírita no Brasil encontra uma mistura de hospital espiritual e centro de estudos. Ali, os tratamentos se resumem ao atendimento com passes (em que o médium repassa ao atendido a energia dos espíritos e a sua), à ingestão de água fluidificada (na qual fluidos medicamentosos são adicionados por espíritos desencarnados), e às desobsessões (nas quais o médium incorpora espíritos que interferem na vida de alguém). Além disso, há centros onde outras manifestações, como a psicografia, são presenciadas. Quem quiser pode desenvolver sua própria mediunidade. Todos os atendimentos são de graça e tudo é embalado pela divulgação dos livros de Kardec e de autores como Chico Xavier, segundo recomendações da Federação Espírita Brasileira.

Trecho de reportagem publicada na edição da revista Galileu de dezembro/2008

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