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quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

HISTÓRIAS DE CHICO : A HORA DA DESPEDIDA

Eram pouco mais de 19h30 de domingo 30 de junho de 2002 , quando o coração de Chico Xavier parou. Chico tinha acabado de deitar-se na cama estreita de seu quarto acanhado para mais uma noite de sono. Pouco antes de dormir, ergueu as mãos para o alto, como sempre fazia, e rezou pela última vez.

Chico morreu em casa, como queria, sem dor nem sofrimento. Poucas horas antes, ele chamou o enfermeiro que sempre o acompanhava. Precisava de ajuda para fazer a barba, mas Sidnei tinha viajado. A reação de Chico, ao saber da viagem, foi rápida e intrigante: “Não vai dar tempo”.

Nos últimos dias, a cozinheira da casa, Josiane Alberto, estranhou o comportamento de Chico. Bastava ela trazer um copo de água para Chico agradecer: “Jesus vai te abençoar. Muito obrigado”. Passou a semana agradecendo. Era como se estivesse se despedindo. Foi esta a sensação que teve o médium César de Almeida Afonso ao visitá-lo na semana anterior. “Agora vieram todos” — Chico disse ao vê-lo, depois de uma sucessão de visitas de outros médiuns.

O líder espírita morreu exatos oito dias antes da data em que seria alvo de uma série de homenagens e comemorações: os 75 anos de sua mediunidade. Para os amigos mais íntimos, a morte, naquele momento, o poupou de novos desgastes com eventos e compromissos. Chico planejou, com cuidado, a própria despedida. Uma de suas principais preocupações era impedir que impostores divulgassem, após sua morte, supostas mensagens transmitidas por ele.

Temia que, em busca de projeção, médiuns se apresentassem como porta-vozes de seu espírito. Para evitar fraudes, Chico combinou um código secreto com três pessoas de sua confiança: o médico e amigo Eurípedes Tahan Vieira, o filho adotivo Eurípedes Higino dos Reis e Kátia Maria, sua acompanhante nos últimos anos de vida. Três informações deveriam constar da primeira mensagem enviada do além. Na tarde anterior à própria morte, Chico confirmou o código com Eurípedes Tahan e avisou: Vocês saberão quem sou eu.

Traduzindo: depois de morto, Chico revelaria um dos seus segredos mais bem guardados: quem ele teria sido na última encarnação. Ele pensou em cada detalhe. Seu corpo deveria ser velado no Grupo Espírita da Prece durante 48 horas, para que todos tivessem tempo de se despedir, sem confusão. O enterro seria feito no cemitério São João Batista, em Uberaba, a cidade que o acolheu em janeiro de 1959, quando Chico deixou para trás a família e os amigos da cidade natal, a também mineira Pedro Leopoldo. Foram feitas, é claro, as suas vontades.
Trecho do livro "As Vidas de Chico Xavier", Marcel Souto Maior

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