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domingo, 18 de janeiro de 2009

RAZÃO E RELIGIÃO : ESPIRITISMO

No ano que se inicia, comemora-se o centenário da morte do cientista e médico Cesare Lombroso, fundador da Antropologia Criminal. Lombroso foi um dos epígonos da Escola Penal Positiva italiana. Lombroso negava o livre-arbítrio por acreditar na determinação absoluta da prática delituosa por fatores antropológicos.

Escreveu, em "A Mulher Delinquente", que esta possui fundamentalmente caracteres que a aproximam do selvagem e da criança. Mais tarde, sob influência de Ferri deu relevo aos aspectos ambientais na produção do fato delituoso, além de concluir, no final da vida, em consequência de sua adesão ao espiritismo, que dentre os criminosos poucos poderiam ser considerados como natos.

Curiosa é a caminhada do cientista em direção ao espiritismo. Lombroso negou-se diversas vezes a participar de experiências espíritas. Em março de 1891, concordou em presenciar uma sessão e impressionou-se. Poucos meses após a primeira experiência, Lombroso já manifestava se envergonhar de haver combatido com violência a possibilidade de fenômenos espíritas. Experiência impressionante foi a aparição, em 1902, de sua mãe em diversas sessões, uma figura com a mesma estatura e a mesma voz, na maioria das vezes chamando-o de "fiol mio".

Indagado por um jornalista em 1906 sobre os fenômenos espíritas, disse que por educação científica fora sempre contrário ao espiritismo, mas constatou fatos. Escreveu, então, em 1909, perto de morrer, o livro "Hipnotismo e Mediunidade". Dentre tantos fenômenos e experiências que relata, muitos dos quais testemunhou, curiosos são os casos judiciários, como o da revelação por espírito de jovem falecido em navio de ter sido envenenado com ingestão de amêndoas com rícino, fato este depois constatado por perícia.

Alan Kardec, no Livro dos Espíritos, reconhece o livre-arbítrio, mas admite que não são os caracteres físicos que determinam o comportamento, e sim a natureza do espírito encarnado, que pode ter inclinação para o mal, mas possui o poder de enfrentar com o seu querer a tendência manifestada. Isto recoloca a angustiosa questão do livre-arbítrio ou do determinismo. A meu sentir, a liberdade não pode ser indiferente. Cabe situar o homem em suas circunstâncias biológicas e sociais, pois age no mundo que o circunda. O homem possui uma liberdade, mais que situada, sitiada, sem deixar de ter, contudo, uma esfera de decisão última pela qual define a realização da vontade e a do seu próprio modo de ser. Sem liberdade perdem sentido a dignidade do homem e a imortalidade do espírito.
Advogado, professor-titular da Faculdade de Direito da USP, ex-ministro da Justiça. Leia texto integral

1 comentários:

Luiz Roberto Turatti disse...

Segundo o renomado especialista, mundialmente respeitado, QUEVEDO S.J., Oscar G.-: Palavra de Iahweh, 1.ª edição, São Paulo, Loyola, 1993, p. 211 s., volume 5 de “Os Mortos Interferem no Mundo?”:

Lombroso, outro caluniado!

Cesare Lombroso (1836-1909) foi célebre professor de Antropologia e Criminologia, ainda hoje considerado nestes ramos da ciência. Em Metapsíquica...: embora com notáveis erros próprios da época, sem dúvida que no seu conjunto a obra de Lombroso tem seu lugar garantido na história da pesquisa.

*** Nunca falta Lombroso nessas listas publicadas pelos espíritas. Por quê?

●● Mais uma vez aquela lógica (?) especial. Novamente confundem os fatos com sua interpretação. Ou será que o fanatismo não deixa os espíritas lerem uma frase de três linhas, ficam na primeira linha? Lombroso – como Richet – na frase que sempre citam os espíritas, distingue expressa e insistentemente:

Sinto-me envergonhado e condoído por ter atacado com tanta tenacidade a possibilidade dos fatos, assim chamados espíritas. E digo os fatos, porque continuo contrário à teoria. Mas os fatos existem, e eu glorio-me de ser escravo dos fatos”. Assim se expressava após toda sua carreira em Metapsíquica, oito anos antes de sua morte, em carta a Ernesto Chiolfi, de Nápoles, assinada em Turim a 25 de junho de 1891. (A carta foi publicada em “La Tribuna Giudiziaria” de Nápoles, a 5 de julho de 1891 – Cfr. Por exemplo, PICONE-CHIONO, C.: La Verità Spiritualistica. I Morti Vivono e Possono Conversare com Noi?, Roma, Luce e Ombra, 1928. Tradução: La Vérité Spiritualiste, Rethel, Ambiorix, 1935. pp. 38 s. – PAPPALARDO, Armando: Spiritismo, 5.ª edição, Milano, Hoipli, 1917 (reedição 1922), p. 13 – Por ser um dos desafiadores ao anteriormente cético Lombroso, cfr. preferentemente o madrilenho ACEVEDO, M. Otero: Los Fantasmas, Buenos Aires, Constancia, 1958, pp. 47 s.).

●● A frase é muito citada e mal-interpretada pelos espíritas.

No seu livro póstumo, publicado apenas um mês depois da imprevista morte, Lombroso reafirma a sua conversão aos fatos, não à interpretação espírita. O livro inteiro é uma defesa dos fatos e mostra a seriedade com que o ilustre professor dedicara muitos anos de sua vida ao estudo dos fenômenos chamados espíritas que na realidade se dão também em outros ambientes completamente independentes de qualquer vinculação com os mortos, como no hipnotismo.

Atenciosamente.